Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador poesia. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 7 de abril de 2009

O lirismo (aqui e no além) de Guilherme de Almeida

Bom dia amigos e amigas que acompanham esse blog. Peço imenso perdão pela ausencia, mas depois de uma temporada afastado retorno com muita saudades de todos!! Agradeço muito o carinho de todos que nesse periodo passaram e deixaram seus pensamentos e opiniões, que Deus os abençoe sempre!! Agradeço tambem, a minha amiga Deia (bluebutterfly - http://www.aparakaki.blogspot.com/), pelo apoio e insentivo constante, realmente uma menina de ouro!!! Bem retorno com essa matéria, desejoso que todos tenham uma semana recheada de paz e que possam traçar mais algumas linhas da linda poesia que é a vida de cada um que por esse caminho passa!!! Grande abraço!!






Guilherme de Almeida nasceu em 24 de julho de 1890, em Campinas, SP, e morreu na capital paulista, em 11 de Julho de 1969. Em 1912, concluiu a Faculdade de Direito de São Paulo. Contudo, durante anos, a profissão que exerceu foi a de redator nos jornais O Estado de São Paulo, Folha da Manhã, Folha da Noite e Diário de São Paulo. Além disso, fundou o Jornal de São Paulo e também foi presidente da Associação de Imprensa.
Guilherme de Almeida participou ativamente da Semana da Arte Moderna em 1922. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras e a diversas instituições culturais estrangeiras. Suas poesias foram publicadas pela primeira vez em 1917, no livro Nós. Vieram depois: A Dança das Horas (1919), Messidor (1919), Encantamento (1925) e outros, num total aproximado de 50 volumes, incluindo prosa e traduções.
Apreciemos o lirismo de Guilherme de Almeida em dois poemas: Nós, composto quando encarnado e Terceiro Soneto, recebido pelo médium Jorge Rizzini, publicado em Antologia do mais Além.








Nós
(Guilherme de Almeida - Encarnado)

Nessa tua janela, solitário,
entre as grades douradas da gaiola,
teu amigo de exílio, teu canário
canta, e eu sei que este canto te consola.

E, lá na rua, o povo tumultuário
ouvindo o canto que daqui se evola
crê que é nosso romance extraordinário
que naquela canção se desenrola.

Mas, cedo ou tarde, encontrarás, um dia,
calado e frio, na gaiola fria,
o teu canário que cantava tanto.

E eu chorarei. Teu pobre confidente
ensinou-me a chorar tão docemente,
que todo mundo pensará que eu canto.












Terceiro Soneto
(Guilherme de Almeida - Espirito)

Mas não te olvidei, meiga companheira!
Nem tu guardaste o meu velho retrato...
A vida é peça eterna, e a morte, um ato:
Não tem o amor limite nem fronteira!

Minha alma é da tua prisioneira...
E eis que ergo vôo, e como Ser abstrato
Avanço pelo céu - como um extrato!
Buscando a nossa casa derradeira...

E te vejo a lembrar nosso passado:
Juras de amor... bilhetes cor-de-rosa...
Alamedas... E, ali fico ao teu lado

E a nos fitar a imagem de Jesus...
E beijo tua face inda formosa,
Emoldurada por intensa luz...


Por Altamirando Carneiro - texto retirado da Ed. nº 55 da Universo Espirita

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Alma Minha Gentil, Que Te Partiste

Sempre me encantaram os poemas e sonetos, pela capacidade que possuem de me elevar pensamentos e sentimentos... cada estrofe, cada verso, era como a nota melodiosa de uma linda música a me envolver idéias e sentimentos! Encerrando essa semana, deixo essa postagem, no desejo que todos que porventura venham a visitar essa página, saiam com o pensamento mais leve e o coração mais terno... grande abraço a todos e o fim-de-semana seja muito especial!! Fiquem com Deus!!!








Diogo do Couto, amigo do poeta português, Luis Vaz de Camões (1524-1580), registrou sua visita a Camões em Moçambique, onde o encontrou triste e desolado, sobretudo, pela morte de Dinamene, uma chinesinha muito linda que viajava com o poeta e morreu no naufrágio da foz de Mecom. A ela, segundo Diogo do Couto, Camões dedicou um de seus mais célebres sonetos: Alma Minha gentil, que te partiste.

Um dos sonetos de Camões (Espirito), psicografado por Jorge Rizzini no livro Antologia do mais Além, intitula-se: Alma amiga que à Terra te partiste.
Apresentamos os dois sonetos para a apreciação dos leitores:





Alma Minha gentil, que te partiste
(Camões - Encarnado)

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.


Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me fitou
Da mágoa, sem remédio de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou.





Alma amiga que à Terra te partiste...
(Camões - Espirito)

Alma amiga que à Terra te partiste
Em busca do viver tão descontente,
Que te abençoe Deus eternamente,
E que te faça leve o fado triste.



Bem sei que a evolução do ser consiste
Nas mil reencarnações que o Pai consente,
E que aos Céus voltarás em luz fulgente,
Inda maior que quando aqui subiste;

Mas, se na Terra, um dia, a crua dor
Envolver-te a formosa e gentil alma,
Que te não desespere o duro fado;

Ah! Roga aos Céus com teu imenso amor
Que bem cedo eu te leve a doce calma,
Quão cedo ma trouxeste no passado!


- Texto de Altamirando Carneiro, retirado da ed. nº 45 da revista Universo Espirita

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Saudade só se diz em português


Este texto abaixo eu postei uns meses atrás num espaço que possuia no msn... hoje foi um dia de doces recordações, então decidi posta-lo novamente, com algumas alterações. Saudade é bom quando nos faz relembrarmos das mais doces sensações de amor e paz!!!


Quem não conhece ou já não ouviu os singelos versos com que Casimiro de Abreu (1839-1860) inicia e termina sua composição mais popular, Meus Oito Anos, escrita em Lisboa, em 1857, na flor de seus 20 anos?

"Oh, Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infãncia querida
Que os anos não trazem mais!"

Seu pai o enviara a Europa a fim de que abraçasse a carreira comercial, para a qual, entretanto, o jovem não mostrou a mínima vocação. Retornaria ao Brasil dali a quatro anos, com a saúde já minada pela tuberculose, que o levaria em breve deste mundo.
Saudade, palavra tão estranha! Mescla amor com esperança, é dor feito lembrança, é retorno em sentimento e um voltar do pensamento que em sonhos se emaranha! Dificil definir uma saudade. Senti-la tampouco é fácil... Vejamos o que nos diz sobre isso o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910):

"Entre todos os vocábulos não deve haver nenhum tão comovente quanto a palavra portuguesa saudade. Ela traduz a lástima da ausência, a tristeza das separações, toda escala de privação de entes ou de objetos amados; é a palavra que se grava sobre os túmulos, a mensagem que se envia aos parentes, aos amigos. É o sentimento que o exilado tem pela pátria, o marinheiro pela família, os namorados um pelo outro..."

Curiosamente, "saudade" é mais um "tom de alma" que uma palavra simplesmente, e em nenhuma outra língua há termo que expresse tão bem esse "indefinível ar nostálgico" que ela traz em seu conceito. O paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914), poeta dos mais complexos, mostra seu pesar:

"À noite quando em funda soledade
Minh´Alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a Alma descontente,
Se acende o círio da saudade."


E nosso mestre Camões (1524-1580), atento à imponderabilidade de se deter o tempo ou recuperar as coisas já vividas, diante da assombrosa brevidade, num de seus sonetos não demonstra ser menor o grau de sua inconformada angústia:

"Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança ainda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades."


E eu próprio, saudoso de tudo, de minha infância querida, dos anos que não voltam mais, dos entes queridos que se foram, das tantas esperanças vislumbradas pelo círio da saudade, ou pela luz que transpassa o vitral de minha vida, medito às tardes sob a sombra dos laranjais, que a saudade possa ser a mais suave flor, ou o mais invisível dos tormentos, e concordo com o sábio Menotti del Picchia (1892-1988), quando ele diz:

"Saudade, perfume triste de uma flor que não se vê"

*Texto de Homero Pimentel - retirado da ed. nº 03 da Revista Nova Consciência



Uma música japonesa que gosto muito: Namida Soosoo!! Tudo a ver com o texto... Para quem quiser ver a tradução: http://www.hainet.com.br/jpop/letras.php?letra=1505&artista=442#LETRA