
Guilherme de Almeida nasceu em 24 de julho de 1890, em Campinas, SP, e morreu na capital paulista, em 11 de Julho de 1969. Em 1912, concluiu a Faculdade de Direito de São Paulo. Contudo, durante anos, a profissão que exerceu foi a de redator nos jornais O Estado de São Paulo, Folha da Manhã, Folha da Noite e Diário de São Paulo. Além disso, fundou o Jornal de São Paulo e também foi presidente da Associação de Imprensa.
Guilherme de Almeida participou ativamente da Semana da Arte Moderna em 1922. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras e a diversas instituições culturais estrangeiras. Suas poesias foram publicadas pela primeira vez em 1917, no livro Nós. Vieram depois: A Dança das Horas (1919), Messidor (1919), Encantamento (1925) e outros, num total aproximado de 50 volumes, incluindo prosa e traduções.
Apreciemos o lirismo de Guilherme de Almeida em dois poemas: Nós, composto quando encarnado e Terceiro Soneto, recebido pelo médium Jorge Rizzini, publicado em Antologia do mais Além.

Nós
(Guilherme de Almeida - Encarnado)
Nessa tua janela, solitário,
entre as grades douradas da gaiola,
teu amigo de exílio, teu canário
canta, e eu sei que este canto te consola.
E, lá na rua, o povo tumultuário
ouvindo o canto que daqui se evola
crê que é nosso romance extraordinário
que naquela canção se desenrola.
Mas, cedo ou tarde, encontrarás, um dia,
calado e frio, na gaiola fria,
o teu canário que cantava tanto.
E eu chorarei. Teu pobre confidente
ensinou-me a chorar tão docemente,
que todo mundo pensará que eu canto.

Terceiro Soneto
(Guilherme de Almeida - Espirito)
Mas não te olvidei, meiga companheira!
Nem tu guardaste o meu velho retrato...
A vida é peça eterna, e a morte, um ato:
Não tem o amor limite nem fronteira!
Minha alma é da tua prisioneira...
E eis que ergo vôo, e como Ser abstrato
Avanço pelo céu - como um extrato!
Buscando a nossa casa derradeira...
E te vejo a lembrar nosso passado:
Juras de amor... bilhetes cor-de-rosa...
Alamedas... E, ali fico ao teu lado
E a nos fitar a imagem de Jesus...
E beijo tua face inda formosa,
Emoldurada por intensa luz...
(Guilherme de Almeida - Espirito)
Mas não te olvidei, meiga companheira!
Nem tu guardaste o meu velho retrato...
A vida é peça eterna, e a morte, um ato:
Não tem o amor limite nem fronteira!
Minha alma é da tua prisioneira...
E eis que ergo vôo, e como Ser abstrato
Avanço pelo céu - como um extrato!
Buscando a nossa casa derradeira...
E te vejo a lembrar nosso passado:
Juras de amor... bilhetes cor-de-rosa...
Alamedas... E, ali fico ao teu lado
E a nos fitar a imagem de Jesus...
E beijo tua face inda formosa,
Emoldurada por intensa luz...
Por Altamirando Carneiro - texto retirado da Ed. nº 55 da Universo Espirita